Impossível não falar, hoje, do massacre da divisão Panzer alemã ontem. Uma vergonha e é claro que questões maiores já estão despontando, como a necessidade de renovação da estrutura do futebol brasileiro, a caixa-preta que é a CBF, o relacionamento da identidade nacional brasileira com o futebol, etc. Também já começam a aparecer as bobagens de plantão, como que a culpa é da Dilma, etc.
Mas não é sobre isso o meu comentário hoje, mas sobre aqueles 15 minutos em que o Brasil teve um “apagão” e deixou a Alemanha fazer gols um atrás do outro. Foi algo impressionante e que me deixou impactado.
Minha avaliação é que esse time brasileiro não era dos melhores e que o técnico usou um sistema tático equivocado. Os alemães, muito melhores como time e jogando taticamente melhor (além de terem uma vontade, uma determinação daquelas, correndo, marcando, voltando, enquanto os brasileiros ficavam nos toquinhos e esperando a bola), tinham mesmo que ganhar o jogo, mas aqueles 15 minutos é que impressionaram.
Eu vejo ai uma questão emocional acima de tudo. Havia uma pressão brutal nos jogadores (já que a identidade nacional brasileira se centra no idioma português e no futebol) e não ter o Neymar só piorou as coisas. Quando a Alemanha marcou os dois primeiros, houve um colapso, uma admissão de derrota total que deixou a todos paralisados. A Alemanha só não fez 10 ou 15 porque não quis.
Isso me lembrou muito dos grandes clássicos da estratégia, como Clausewitz ou Sun-Tzu. Em escalas diferentes, com ênfases diferentes, a maioria dos estrategistas concorda que há duas maneiras de vencer um combate: destruindo fisicamente o inimigo (matando-o ou incapacitando-o) ou eliminando a sua vontade de lutar. Para isso, o essencial é deixá-lo numa posição em que ele não veja mais saída, em que sua confiança seja abalada e da qual ele só poderá escapar fugindo ou se entregando.
Não foi isso o que aconteceu ontem? Um exército melhor, mais treinado e taticamente superior colocou na parede um inferior. Numa situação de guerra, ele poderia ter esmagado o adversário. Numa de jogo, isso não seria possível, mas a eliminação da vontade, a imposição da certeza da derrota ao inimigo fez o serviço e o trator alemão venceu. Eu devo ser meio heterodoxo em associar estratégia militar ao futebol, mas, como o futebol, em boa medida, reproduz uma situação de conflito, acho que tal associação é válida.