Texto muito bom. Por questões teóricas, tenho o pé atrás com a tendência, especialmente na esquerda, ao ver fascismo em tudo, mas o autor não vai por ai. Pelo contrário, trabalha com a ideia de um caldo cultural semelhante, especialmente no tocante à psicologia das classes médias. A resultante desse caldo não seria um fascismo, com um novo Hitler tupiniquim comandando as massas, mas algo que estaria no campo da direita, provavelmente a conservadora, ainda mais provavelmente a liberal, ou uma combinação de várias. Eu acho que, talvez, o autor tenha subestimado a força das novas religiões evangélicas, cujo potencial (especialmente pelo número de votantes) para dinamizar esse “caldo” é imensa. Lembro que, nos EUA, a aliança entre os neo-liberais e os cristãos conservadores produziu a era Reagan e que até hoje, e cada vez mais, o Partido Republicano se sustenta nesses grupos. O mesmo poderia se repetir no Brasil, se é que já não está acontecendo.
Aliás, o autor recuperou uma frase de Mises, no qual ele deixa claro como o sistema preferido por ele é o liberal, mas que, se a alternativa é o comunismo, viva o fascismo. Uma postura quase padrão da época. A direita conservadora e liberal não gostava do fascismo (coisa que veio dos pobres, intervencionista, mobilizava as massas, etc.), tanto que, onde foi possível, ela o eliminou. Mas, se a alternativa era entre o fascismo e a esquerda, a opção ficava evidente. O texto merece ser copiado
“Não pode ser negado que o Fascismo e movimentos similares que miram no estabelecimento de ditaduras estão cheios das melhores intenções e que suas intervenções, no momento, salvaram a civilização européia. O mérito que o Fascismo ganhou por isso viverá eternamente na história. Mas apesar de sua política ter trazido salvação para o momento, não é do tipo que pode trazer sucesso contínuo. Fascismo é uma mudança de emergência. Ver como algo mais que isso, seria um erro fatal. (L. von Mises, Liberalism, 1985[1927], Cap. 1, p. 47)”
A pergunta que fica é como mudar o quadro. Creio que a classe média brasileira (como toda classe média do mundo, aliás) se acha parte da elite dominante, o que ela não é. Mas ela também é vista, muitas vezes, como parte dessa elite por parte do Estado e tratada como tal, de forma injusta, até. Um exemplo óbvio é o Imposto de Renda, no qual uma pessoa de classe média paga a mesma alíquota de quem tem realmente tem dinheiro. Tudo bem que, na soma, a classe média é mais beneficiada do que prejudicada pelo status quo social, mas talvez algumas mudanças pudessem ser pensadas, por parte do Estado.
No entanto, como o texto demonstra, a questão é mais psicológica do que econômica, é um desespero para não deixar a patuléia chegar perto, o que deixaria evidente que ela, classe média, não é realmente elite. Afinal, se eu pago um Ford Focus em 120 parcelas e dirijo perto de quem um Fusca, eu me sinto o cara. Mas, se os pobres começam a comprar o mesmo carro em 480 parcelas e eu não tenho grana para comprar uma Ferrari, a ilusão de exclusividade some. E isso deixa a classe média p. da cara. E como impedir que esse desconforto se converta no “novo fascismo”? Boa pergunta.
E a questão é ainda mais importante para se pensar porque, se essa nova classe de batalhadores, os “C” (que não são classe média real nem aqui nem na China, já que não tem propriedades, capital intelectual ou outros requisitos para tal) realmente chegar na classe média, eles começarão a pensar como a antiga. E isso pode, potencialmente, mudar todo o panorama político. E ai? A questão está dada, mas não tenho respostas.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/01/fascismo-brasileira.html
Olha, se o senhor baixar o livro “Liberalismo” do Mises em pdf, dar um “ctrl+F” e digitar a palavra “fascismo”, verá que só existem treze citações à palavra em todo o livro, que é relativamente pequeno e nenhuma delas se encaixa nessa citação que o senhor públicou, ela é fake, não passa de um viral mal intencionado, assim como o “decálogo de Lênin”.
Se vc olhar as edições em inglês e português editadas pelo próprio Instituto Mises, a citação está lá, perfeitinha. Se é um fake, alguém precisa avisar o próprio Instituto Mises…. Ver http://www.mises.org.br/files/literature/Liberalismo%20Segundo%20a%20Tradi%C3%A7%C3%A3o%20Cl%C3%A1ssica%20-%20WEB.pdf p. 77 e http://mises.org/books/liberalism.pdf, p. 51
Se vc olhar as edições em inglês e português editadas pelo próprio Instituto Mises, a citação está lá, perfeitinha. Se é um fake, alguém precisa avisar o próprio Instituto Mises…. Ver http://www.mises.org.br/files/literature/Liberalismo%20Segundo%20a%20Tradi%C3%A7%C3%A3o%20Cl%C3%A1ssica%20-%20WEB.pdf p. 77 e http://mises.org/books/liberalism.pdf, p. 51